Alfândega da Fé é uma vila transmontana, onde se vive essencialmente da agricultura sobretudo, azeite e cereja.
Chegando-se ao centro da vila é frequente, ao Domingo, encontrarem-se os homens da terra em jogos tradicionais, a raiola e a malha, na Praça do Município. É nesse largo que se situa a Casa dos Viscondes de Vale Pereiro ou Casa do Capitão Mendonça.
A sua fachada norte dá para o largo, enquanto a fachada principal (poente)está virada para a Rua Capitão Mendonça. Um prédio de três andares, de construção recente, separa a casa do muro da quinta. Este é embelezado por um antigo e imponente portal de granito, que pertenceu a uma casa da família Távora.
José Manuel Martins Manso foi grande proprietário no concelho de Alfândega da Fé. Em 1897 foi agraciado pelo Rei D. Carlos com o título de Visconde de Vale Pereiro, localidade onde tinha um solar.
Por esse tempo mandou construir esta casa na praça principal de Alfândega da Fé. Na mesma propriedade o Visconde mandou colocar um portal de granito, encimado por uma cruz, proveniente de uma casa da família Távora, que comprara alguns anos antes. Dessa casa retirou esse portal e o campanário, que doou à Paróquia para a capela de São Sebastião. Era grande a influência dos Távoras naquela região no princípio do século XVIII. Nesta altura Alfândega da Fé tinha cerca de 150 habitantes e o Marquês de Távora tinha nessa localidade Vários direitos reais sendo que, em treze lugares recebia 18 réis por cada morador e, em outros seis, 30 réis.
Actualmente a Casa pertence aos herdeiros da Senhora D. Rosa Maria Cândida Manso de Mendonça, que a herdou de seu pai, o primeiro Visconde de Vale Pereiro.
A quinta é vedada por um alto muro pintado em cor ocre.
O acesso à propriedade é feito pelo já referido portal de granito, para um amplo pátio.
Ao fundo, um edifício de um só piso integra a garagem e uma cozinha com forno de pão, que é utilizado em tempo de colheita de azeitona. Tem uma porta grande, central, e duas laterais, esguias, cujas aduelas são feitas de madeira.
À direita, encontra-se um edifício de dois pisos que, em baixo, recolhe os tractores e o escritório do feitor da quinta e em cima tem a casa onde, noutros tempos, se guardava a amêndoa. A sua fachada principal é percorrida por um alpendre todo feito de madeira, bastante característico na região.
À esquerda situa-se a casa principal. Para o pátio comunica a parte baixa da habitação: os quartos de pessoal e um compartimento onde se guardava a lã das ovelhas e o bagaço. Na quinta, cultivam-se a oliveira e a amendoeira.
A fachada principal do edifício apresenta, ao nível do andar térreo, três portas, separadas por duas janelas em forma de óculo. O andar nobre integra cinco janelas de sacada em que está presente uma hierarquia: a varanda central é de pedra, enquanto as restantes são de ferro. A encimar, um brasão de armas estilizado, com a coroa de Visconde.
Na fachada nascente (traseiras) encontra-se um alpendre, com arcaria de pedra e uma sucessão de balaustradas, apresentando dois arcos para a rua, que rematam a fachada norte.
No piso térreo situam-se vários quartos, salas e a zona de cozinha e copa. A sala de entrada tem paredes de estuque pintado, lembrando mármore.
O andar nobre é cortado por um vasto corredor, que o percorre de nascente para poente. Ao fundo, a sala de jantar (a nascente), apresenta paredes forradas de madeira até meia altura. Do outro lado, o salão com um bonito tecto de estuque, onde sobressai, entre outros elementos, um monograma do primeiro proprietário da casa: J.M (José Manso).
Sendo o núcleo habitacional de Alfândega da Fé bastante desprovido de riqueza patrimonial do ponto de vista artístico, a casa dos Viscondes de Vale Pereiro marca uma posição bem definida na vila, como refere João Baptista Vilar: ”(…) O principal largo da vila é o campo da feira que é amplo e bem arborizado. È pelo meio dele que passa a estrada. Ali ficam os Paços do Concelho, cadeia e as casas mais bonitas da vila, destacando-se de entre elas o Palacete do falecido Visconde de Vale Pereiro (…)”
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